quarta-feira, 1 de junho de 2011

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III CONGRESSO INTERNACIONAL DE SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCÊNTE
2 A 5 DE SETEMBRO DE 2011 CENTRO DE CONVENÇOES REBOUÇAS SÃO PAULO

COMISSÕES:

PRESIDENTE DO CONGRESSO:
Alberto Olavo Adivíncula Reis - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

PRESIDENTE DE HONRA:
Hani Khalil Atrash - Director. Division of Blood Disorders National Center on Birth Defects and Developmental Disabilities. Centers for Disease Control and Prevention of USA. United States of America.

PRESIDENTE DA COMISSÃO ORGANIZADORA:
Luiz Carlos de Abreu - Faculdade de Medicina do ABC e Centro de Estudos do Crescimento e Desenvolvimento do Ser Humano.

PRESIDENTE DA COMISSÃO CIENTÍFICA:
Eleonora Arnaud Pereira Ferreira - Professora Associada da Universidade Federal do Pará – UFPA

VICE-PRESIDENTE DA COMISSÃO CIENTÍFICA:
Vitor Engrácia Valenti. Faculdade de Medicina do ABC e Centro de Estudos do Crescimento e Desenvolvimento do Ser Humano.

PRESIDENTE DO I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FISIOTERAPIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
Gilmar Moraes Santos – Coordenador do Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina. professor Associado da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC.

I SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE SÍNDROME DE DOWN NA INTERFACE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Zan Mustacchi – Hospital Darcy Vargas e Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo - CEPEC-SP

PRESIDENTE DO II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA INTERFACE, CUIDADOS E PERSPECTIVAS DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
Hugo Macedo Ferraz Junior. Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo e Faculdade de Medicina do ABC.

PRESIDENTE DO II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM
Rubens Wajnsztejn. Faculdade de Medicina do ABC. Santo André, São Paulo

PRESIDENTE DO I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Viviane Gabriela Nascimento. Departamento de Saúde Materno_infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP.

PRESIDENTE DO I SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE A EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE SURDOS
Maria Luizete Carliez. Coordenadora do Campus Universitário do Marajó - Soure, da Universidade Federal do Pará – UFPA.

COORDENADORES DE TEMAS LIVRES:

Alberto Olavo Advíncula Reis - Faculdade de Saúde Publica da USP (FSP/USP);

Dafne Herrero - Faculdade de Saúde Publica da USP (FSP/USP);

Gilmar Moraes Santos - Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC);

Hugo Macedo Jr. - Departamento da Atenção Básica e Gestão do Cuidado - Estratégia da Saúde da Família da Prefeitura de São Bernardo do Campo, SP.

Lígia Nóbrega Reato - Faculdade de Medicina do ABC (FMABC);

Tatiana Dias de Carvalho - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM);

Sandra Dircinha Teixeira de Araújo Moraes (FM/USP) e NEVHAS.

Vera Lúcia Israel - Universidade Federal do Paraná (UFPR);

Vitor Engrácia Valenti - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM);

Viviane Gabriela Nascimento Simon – Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP/USP);

SECRETARIA GERAL: Arnaldo Augusto Franco de Siqueira - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

1ª SECRETARIA: Maria A. F. Vertamatti - Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).

2ª SECRETARIA: Caio Imaizumi - Faculdade de Medicina do ABC (FMABC); Vitor Engrácia Valenti - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

TESOURARIA:

Adriana Gonçalves de Oliveira – Secretaria de Estado da Saúde. Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros (SP);

Ivan França Junior – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo;

Claudio Leone – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

COMISSÃO ORGANIZADORA

Adriana Gonçalves de Oliveira. Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros. Secretaria da Saúde, São Paulo, SP.

Alberto Olavo Advíncula Reis. Faculdade de Saúde Publica/ USP, São Paulo, SP.

Arnaldo Augusto Franco de Siqueira. Faculdade de Saúde Publica/ USP, São Paulo, SP.

Caio Imaizumi. Faculdade de Medicina do ABC. Santo André, SP.

Carmem Simone Grilo Diniz. Faculdade de Saúde Pública/USP. São Paulo, SP.

Cláudio Leone. Faculdade de Saúde Publica/USP. São Paulo, SP.

Diogo Jorge Pereira do Vale Lamela. Universidade de Minho. Braga, Portugal.

Eleonora Arnaud Pereira Ferreira. Universidade Federal do Pará. PA.

Gilmar Moraes Santos. Universidade Estadual de Santa Catarina, SC.

Ivan França Junior. Faculdade de Saúde Pública da USP. São Paulo, SP.

Jaques Belik. University of Toronto. Canadian.

José Mendes Aldrighi. Faculdade de Saúde Publica/ USP. São Paulo, SP.

Lígia Nóbrega Reato. Faculdade de Medicina do ABC. Santo André, SP.

Luiz Carlos de Abreu. Faculdade de Saúde Pública da USP e Faculdade de Medicina do ABC. Santo André, SP.

Manoel Antonio dos Santos. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, SP.

Maria A. F. Vertamatti. Faculdade de Medicina do ABC. Santo André, SP.

Maria Raul Andrade Martins Lobo Xavier. Universidade Católica Portuguesa
Faculdade de Educação e Psicologia. Porto, Portugal.

Paulo Rogério F. da Costa. Faculdade de Medicina do ABC. Santo André, SP.

Paulo Rogério Gallo. Faculdade de Saúde Publica da USP. São Paulo, SP.

Pedro Miguel B. S. Dias. Faculdade de Educação e Psicologia. Universidade Católica Portuguesa. Porto, Portugal.

Tatiana Dias de Carvalho. Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, SP.

Sandra Dircinha Teixeira de Araújo Moraes –Faculdade de Medicina da USP – Serviço de Ginecologia e Núcleo de Estudos sobre Violência e Humanização da Assistência à Saúde- NEVHAS

Vera Lúcia Israel. Universidade Federal do Paraná, PR.

Verônica Sanduvette. Centro de Crescimento e Desenvolvimento Humano. SP

Vitor Engracia Valenti. Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, SP.

Viviane Gabriela Nascimento Simon. Faculdade de Saúde Pública da USP. São Paulo, SP.

II Congresso Brasileiro de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho‏

Prezadas(os) Psicólogas(os),

O Conselho Regional de Psicologia - 2ª Região, divulga para categoria o II Congresso Brasileiro de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho e III Simpósio Brasileiro de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho – III SBPT, dias 06 a 08 de julho de 2011, no Hotel Nacional em Brasília/DF. O evento tem a parceria com a Universidade de Brasília e demais Universidades Federais do País (UFRGS, UFT e UFAM).

Eixos Temáticos: Organização do trabalho prazer e sofrimento; Estratégias e ações de resistência frente ao sofrimento; Patologias do trabalho (violência, sobrecarga, assédio moral, suicídio e outros); Clínica do trabalho e da ação e Interfaces com a Psicodinâmica do Trabalho.

Informações e esclarecimentos são de responsabilidade da coordenação do evento, disponíveis no site: www.congressopsicodinamica.com.br ou pelo telefone: 061 3107-6918

Atenciosamente,

NUTEP - Núcleo Técnico Político do CRP-02

DISLEXIA

O QUE É DISLEXIA? CAUSAS SINTOMAS E POSSIVEIS CURA.

Dislexia é uma das mais comuns deficiências de aprendizado. Segundo pesquisas realizadas, 20% de todas as crianças sofrem de dislexia – o que causa com que elas tenham grande dificuldade ao aprender a ler, escrever e soletrar. Pessoas disléxicas – e que nunca se trataram – lêem com dificuldade, pois é difícil para elas assimilarem palavras. Disléxicos também geralmente soletram muito mal. Isto não quer dizer que crianças disléxicas são menos inteligentes; aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população.
A dislexia persiste apesar da boa escolaridade. É necessário que pais, professores e educadores estejam cientes de que um alto número de crianças sofre de dislexia. Caso contrário, eles confundirão dislexia com preguiça ou má disciplina. É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração por meio de mal-comportamento dentro e fora da sala de aula. Portanto, pais e educadores devem saber identificar os sinais que indicam que uma criança é disléxica - e não preguiçosa, pouco inteligente ou mal-comportada.
A dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela ou para seus pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais. A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso no futuro. Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney (fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora). Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidadede serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress.

CAUSAS DA DISLEXIA:
As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas , a dislexia é herdada e , portanto, uma criança que vem apresentar dislexia tem algum membro da família como: pai, avô,avó, tio, primo que também é disléxico.
Diferentemente de outras pessoas que não sofrem de dislexia, disléxicos processam informações em uma área diferente de seu cérebro; não obstante, os cérebros de disléxicos são perfeitamente normais. A dislexia parece resultar de falhas nas conexões cerebrais. Felizmente, existem tratamentos que curam a dislexia. Estes tratamentos buscam estimular a capacidade do cérebro de relacionar letras aos sons que as representam e, posteriormente, ao significado das palavras que elas formam. Alguns pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratada a dislexia, maior a chance de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da criança. Em outras palavras, a dislexia, se tratada nos primeiros anos d e vida da criança pode ser curada.


Para melhor entender a causa da dislexia, é necessário conhecer, de forma geral, como funciona o cérebro. Diferentes partes do cérebro exercem funções específicas. A área esquerda do cérebro, por exemplo, está mais diretamente relacionada à linguagem; nela foram identificadas três sub-áreas distintas: uma delas processa fonemas, outra analisa palavras e a última reconhece palavras. Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando as letras e seus sons. Ela passa então a analisar as palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus respectivos sons. À medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma memória permanente que imediatamente reconheça palavras que lhe são familiares. À medida que a criança progride no aprendizado da leitura, esta parte do cérebro passa a dominar o processo e, conseqüentemente, a leitura passa a exigir menos esforço.

O cérebro de disléxicos, devido às falhas nas conexões cerebrais, não funciona desta forma. No processo de leitura, os disléxicos recorrem somente à área cerebral que processa fonemas. A conseqüência disso é que disléxicos têm dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois sua região cerebral responsável pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser nova e desconhecida.

SINAIS E CARACTERÍSTICAS DA DISLEXIA:

O ideal seria que toda criança fosse testada para detectar se ela sofre de dislexia. Porém, o sistema educacional brasileiro é deficiente e há uma falta de recursos na maioria das escolas do País. Portanto, é importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais de dislexia para que possam ajudar seus filhos e alunoS.

O primeiro sinal de possível dislexia pode ser detectado quando a criança, apesar de estudar numa boa escola, tem grande dificuldade em assimilar o que é ensinado pelo professor. Crianças cujo desenvolvimento educacional é retardatário podem ser bastante inteligentes, mas sofrer de dislexia. O melhor procedimento a ser adotado é permitir que profissionais qualificados examinem a criança para averiguar se ela é disléxica. A dislexia não é o único distúrbio que inibe o aprendizado, mas é o mais comum.

DISLEXIA

sexta-feira, 13 de maio de 2011

PSICOSE E AUTISMO DIFERENÇAS

PSICOSE E AUTISMO DIFERENÇAS:
As psicoses infantis ao quadros psicopatológicos ,onde podemos observar perturbações mais ou menos marcadas, quer no campo cognitivo, do pensamento e do afecto, quer da linguagem. São quadros heterógeneos, em que há estranheza e bizarria constituindo um campo muito complexo, não só em termos descritivos como em termos nosológicos (patológicos) e etiológicos (causas).
Há psicoses infantis que têm como base mal formações cerebrais, mas também as há, sem qualquer mal formação. Nos últimos anos tem-se falado muito no Síndrome de Asperger, um quadro intermédio entre o autismo, descrito por Kanner e as psicoses simbióticas de Mahler.
O síndrome de Asperger
àfoi descrito ao mesmo tempo que o autismo de Kanner, por volta dos anos 40. Asperger descreve-o como um quadro menos severo do que o autismo de Kannerà podemos denominá-lo de autismo “minor", já que, estas crianças, em regra, adquirem uma linguagem, têm um percurso escolar difícil e um percurso profissional não menos delicado devido à fragmentação do self, mas não atinge níveis de severidade como no autismo.
A esquizofrenia infantil
àparece ser menos grave. Há uma linguagem ,mas ela é idiossincrática, surgindo com frequência neologismos, formas bizarras de empregar as palavras antigas, como se a construção desta neolinguagem fosse uma caminhada ao lado da construção da linguagem das crianças “normais”. Estes neosignificados, esta complexa construção sintáctica é típica de todo este campo (as esquizofrenias infantis) em que o movimento desorganizativo foi mais tardio. Umas iniciam-se muito precocemente, outras tardiamente.
CAUSAS:
As causas são desconhecidas relativamente às psicoses infantis, mas podemos discutir aqui algumas hipóteses explicativas e tecer ainda mais algumas considerações sobre estes quadros psicopatológicos.
AS PSICOSES PRECOCES, manifestam-se, em regra até aos 3,4, 5 anos de idade, são as mais graves dado que a criança não complementou ainda o seu desenvolvimento; não criou uma estrutura consistente, porque nada foi adquirido de modo a poder solidificar o edifício psicológico.

Nas psicoses precoces podemos considerar:
1.  psicoses autistas
2.  psicoses simbióticas
3.  psicoses deficitárias
1. No autismo, há sempre uma constelação de quatro grandes sintomas:
.  isolamento: recusa quase total de contacto humano, nos casos mais graves, quando se força o contacto, a criança tem crises de “angústia de morte” devido à intrusão de que é alvo;
. relação com os objectos autisticos: é utilizado pela criança para obter sensações subjectivas;
. imutabilidade: constância dos espaços, nas mudanças de espaço por exemplo, a criança pode sentir-se completamente perdida. A explicação reside no facto de o interior destas crianças ser tão caótico, que elas têm necessidade de se identificar com o exterior;
.  estereotipias gestuais: tem como objectivo a busca de sensações;
.  perturbações da linguagem: desde a ausência total, até à sua
presença, mas sem grande valor comunicacional.
2. PSICOSES SIMBIÓTICAS (Mahler) dos 3-4 anos
Há até certa altura, um certo grau de desenvolvimento e de organização da personalidade, mas quando ocorre uma psicose simbiótica dá-se uma regressão total. O principal sintoma reside no facto de que , um acontecimento exterior (a mãe que se separa do filho) ou muitas vezes devido ao próprio desenvolvimento da criança (começa a andar e a falar e a distanciar-se cada vez mais da mãe) em que o fantasma da simbiose com a mãe é desfeito, eclode a psicose simbiótica.
3.  PSICOSES DEFICITÁRIAS
Há sintomas psicóticos e sintomas deficitários (deficit de inteligência) que podem coexistir. O que é que produz a psicose?
 Algum tempo atrás, pensava-se que os sintomas deficitários provocavam a psicose, hoje sabemos que não é assim.
Em relação à evolução das psicoses precoces, há dois riscos fundamentais: ou há evolução para a debilidade mental ou então existe o risco de evoluir para o isolamento. Do ponto de vista preventivo (até aos 18 meses de vida) a associação de vários destes sinais pode mostrar

sábado, 7 de maio de 2011

Esquizofrenia

O que é?
Apesar da exata origem não estar concluída, as evidências indicam mais e mais fortemente que a esquizofrenia é um severo transtorno do funcionamento cerebral. A Dra Nancy Andreasen disse: "As atuais evidências relativas às causas da esquizofrenia são um mosaico: a única coisa clara é a constituição multifatorial da esquizofrenia. Isso inclui mudanças na química cerebral, fatores genéticos e mesmo alterações estruturais. A origem viral e traumas encefálicos não estão descartados. A esquizofrenia é provavelmente um grupo de doenças relacionadas, algumas causadas por um fator, outras, por outros fatores".
A questão sobre a existência de várias esquizofrenias e não apenas uma única doença não é um assunto novo. Primeiro, pela diversidade de manifestações como os sub-tipos paranóide, hebefrênico e catatônico além das formas atípicas, que são conhecidas há décadas. Segundo, por analogia com outras áreas médicas como o câncer. O câncer para o leigo é uma doença que pode atingir diferentes órgãos. Na verdade trata-se de várias doenças com manifestação semelhante. Para cada tipo de câncer há uma causa distinta, um tratamento específico em chances de cura distintas. São, portanto, várias doenças. Na esquizofrenia talvez seja o mesmo e o simples fato de tratá-la como uma doença só que atrapalha sua compreensão. Poucos sabemos sobre essa doença. O máximo que conseguimos foi obter controle dos sintomas com os antipsicóticos. Nem sua classificação, que é um dos aspectos fundamentais da pesquisa, foi devidamente concluída. Revisão


Como Começa?
A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que nem o paciente nem as pessoas próximas percebem que algo vai errado: só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses.
Por outro lado há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda seu comportamento e entra no mundo esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito os parentes.
Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica.
Geralmente a esquizofrenia começa durante a adolescência ou quando adulto jovem. Os sintomas aparecem gradualmente ao longo de meses e a família e os amigos que mantêm contato freqüente podem não notar nada. É mais comum que uma pessoa com contato espaçado por meses perceba melhor a esquizofrenia desenvolvendo-se. Geralmente os primeiros sintomas são a dificuldade de concentração, prejudicando o rendimento nos estudos; estados de tensão de origem desconhecida mesmo pela própria pessoa e insônia e desinteresse pelas atividades sociais com conseqüente isolamento. A partir de certo momento, mesmo antes da esquizofrenia ter deflagrado, as pessoas próximas se dão conta de que algo errado está acontecendo. Nos dias de hoje os pais pensarão que se trata de drogas, os amigos podem achar que são dúvidas quanto à sexualidade, outros julgarão ser dúvidas existenciais próprias da idade. Psicoterapia contra a vontade do próprio será indicada e muitas vezes realizada sem nenhum melhora para o paciente. A permanência da dificuldade de concentração levará à interrupção dos estudos e perda do trabalho. Aqueles que não sabem o que está acontecendo, começam a cobrar e até hostilizar o paciente que por sua vez não entende o que está se passando, sofrendo pela doença incipiente e pelas injustiças impostas pela família. É comum nessas fases o desleixo com a aparência ou mudanças no visual em relação ao modo de ser, como a realização de tatuagens, piercing, cortes de cabelo, indumentárias estranhas e descuido com a higiene pessoal. Desde o surgimento dos hippies e dos punks essas formas estranhas de se apresentar, deixaram de ser tão estranhas, passando mesmo a se confundirem com elas. O que contribui ainda mais para o falso julgamento de que o filho é apenas um "rebelde" ou um "desviante social".
Muitas vezes não há uma fronteira clara entre a fase inicial com comportamento anormal e a esquizofrenia propriamente dita. A família pode considerar o comportamento como tendo passado dos limites, mas os mecanismos de defesa dos pais os impede muitas vezes de verem que o que está acontecendo; não é culpa ou escolha do filho, é uma doença mental, fato muito mais grave.
A fase inicial pode durar meses enquanto a família espera por uma recuperação do comportamento. Enquanto o tempo passa os sintomas se aprofundam, o paciente apresenta uma conversa estranha, irreal, passa a ter experiências diferentes e não usuais o que leva as pessoas próximas a julgarem ainda mais que o paciente está fazendo uso de drogas ilícitas. É possível que o paciente já esteja tendo sintomas psicóticos durante algum tempo antes de ser levado a um médico.
Quando um fato grave acontece não há mais meios de se negar que algo muito errado está acontecendo, seja por uma atitude fisicamente agressiva, seja por tentativa de suicídio, seja por manifestar seus sintomas claramente ao afirmar que é Jesus Cristo ou que está recebendo mensagens do além e falando com os mortos. Nesse ponto a psicose está clara, o diagnóstico de psicose é inevitável. Nessa fase os pais deixam de sentir raiva do filho e passam a se culpar, achando que se tivessem agido antes nada disso estaria acontecendo, o que não é verdade. Infelizmente o tratamento precoce não previne a esquizofrenia, que é uma doença inexorável. As medicações controlam parcialmente os sintomas: não normalizam o paciente. Quando isso acontece é por remissão espontânea da doença e por nenhum outro motivo.


O Diagnóstico
Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia, isto depende exclusivamente dos conhecimentos e da experiência do médico, portanto é comum ver conflitos de diagnóstico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas que o paciente apresenta e a história como esses sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. Existem critérios estabelecidos para que o médico tenha um ponto de partida, uma base onde se sustentar, mas a maneira como o médico encara os sintomas é pessoal. Um médico pode considerar que uma insônia apresentada não tenha maior importância na composição do quadro; já outro médico pode considerá-la fundamental. Assim os quadros não muito definidos ou atípicos podem gerar conflitos de diagnóstico.


O Curso
Que a esquizofrenia é doença grave ninguém duvida, pois afeta as emoções, o pensamento, as percepções e o comportamento. Mas o que dizer de uma gravidade que pode não deixar seqüelas nem ameaçar a vida da pessoa, mas pelo contrário permite o restabelecimento da normalidade? A gravidade então não está tanto no diagnóstico: está mais no curso da doença.
Classicamente a distinção que Kraepelin fez entre esquizofrenia (demência precoce) e o transtorno bipolar (psicose cíclica) foi a possibilidade de recuperação dos cicladores, enquanto os esquizofrênicos se deterioravam e não se recuperavam. Talvez a partir daí criou-se uma tendência a considerar-se a esquizofrenia irrecuperável. Não resta a menor dúvida de que muitos casos não se recuperam, mas há exceções e quando eles surgem toda a regra passa a ser duvidosa, pois se perdem os limites sobre os quais se operava com segurança. Há dois motivos básicos que justificam a falta de segurança sobre o curso da esquizofrenia:
1- Falta de critérios uniformes nas pesquisas passadas sobre o assunto.
2- Dificuldade de se acompanhar ao longo de vários anos um grupo grande de pacientes.
Faz apenas um pouco mais de 10 anos que se editou pela Organização Mundial de Saúde, critérios objetivos e claros para a realização do diagnóstico da esquizofrenia. Na versão anterior, o CID 9, os critérios eram "frouxos" permitindo diferenças consideráveis nos parâmetros adotados entre os estudos; assim as disparidades de resultados entre eles era inaceitável terminando com a indefinição a respeito do curso da esquizofrenia. Algumas psicoses são naturalmente transitórias e únicas na vida de uma pessoa. Se por engano essas são consideradas como esquizofrênicas gera-se conflito ao se comparar com estudos cujos critérios exigiam um período mínimo de meses na duração da psicose. Mesmo que durem muitos anos as psicoses não podem ser confundidas com a personalidade esquizóides. Assim, devido à falta de rigor na realização dos diagnósticos não podemos ter segurança nos estudos anteriores ao CID 10 ou ao DSM-III (para os estudos que se basearam nos critérios americanos); portanto as conclusões desses estudos não podem determinar nossa conduta atual. Apesar do CID 10 ter criado uma técnica comprovadamente mais confiável e precisa de se diagnosticar a esquizofrenia o problema não está resolvido. Somente com o tempo e com mais pesquisas saberemos se os critérios hoje adotados estão corretos, se correspondem à realidade. Caso no futuro se constate que ainda são insuficientes, as pesquisas feitas com os critérios do CID 10 também serão desacreditadas. As pesquisas precisam dizer se o que estamos diagnosticando é uma doença com vários cursos naturais ou se são na verdade várias doenças cada qual com seu curso próprio. Perante essas dificuldades entendemos por que são tão almejadas técnicas biológicas, como as de imagem da tomografia por emissão de pósitrons, para se estudar as esquizofrenias.
Dentre vários estudos publicados na última década sobre o curso da esquizofrenia, selecionamos um para ilustrar a diversidade de resultados e dificuldade de avaliação. Quanto mais difíceis de análise um estudo, mais sujeito à falhas e conclusões erradas ele está.
Nesse trabalho foram selecionadas seis pessoas que tinham preenchido, dez anos antes, critérios para esquizofrenia, sendo que todos alcançaram remissão completa do quadro. Com esse tipo de estudo torna-se possível verificar se a remissão detectada na época seria permanente ou uma fase de melhoria antes da cronicidade permanente. Como resultado, mesmo num grupo tão pequeno, constatou-se vários cursos distintos. Três permaneciam em remissão completa, um seguia um curso deteriorante contínuo e dois apresentavam flutuações dos sintomas. Não foram identificadas diferenças clínicas que distinguisse os pacientes. Para se dizer se o paciente estava com ou sem sintomas psicóticos foi usado um questionário estruturado de entrevista para todos, acurando, assim, possíveis "defeitos" deixados pela psicose prévia.
Psychiatry, 61(1):20-34 1998 Spring Torgalsbøen AK; Rund BR
Desse estudo podemos ver que a remissão completa não é garantia de cura. Esse dado aparentemente banal é importantíssimo no relacionamento com o paciente e sua família por que 100% deles perguntam se ficarão bem, se voltarão a ser o que eram. No atual momento nenhum profissional da saúde mental pode afirmar o que acontecerá. Dizer que não vai melhorar é provocar uma iatrogenia, dizer que vai ficar bom pode ser ilusório o que posteriormente custará a confiança no profissional.


O que causa?
Sobre a causa da esquizofrenia só sabemos duas coisas: é complexa e multifatorial. O cérebro, por si, possui um funcionamento extremamente complexo e em grande parte desconhecido. Essa complexidade aumenta se considerarmos, e temos de considerar, que o funcionamento do cérebro depende do funcionamento de outras partes do corpo como os vasos sangüíneos, o metabolismo do fígado, a filtragem do rim, a absorção do intestino, etc. Por fim, se considerando outras variáveis nada desprezíveis como o ambiente social e familiar, a complexidade se torna inatingível para os recursos de que dispomos. Provavelmente a esquizofrenia é resultado disso tudo. Na história da Medicina as doenças foram descobertas muitas vezes pelos grupos ou atividades de risco. As pessoas que passavam em determinado local e contraíam doenças comuns àquela região abriam precedentes nas pesquisas. Locais onde o solo era pobre em iodo, as pessoas adquiriam bócio; locais onde havia certos mosquitos as pessoas podiam adquirir malária, dengue, febre amarela. Locais infestados por ratos, adquirir leptospirose. Com a esquizofrenia, nunca se conseguiu identificar fatores de risco, exceto o parentesco com algum esquizofrênico. Este fato dificulta as investigações porque não fornece as pistas nas quais os pesquisadores médicos precisam se basear para pesquisar. Como não há pistas, somos obrigados a escolher um tema que por intuição pode se relacionar à esquizofrenia e investigá-lo. É isto que tem sido feito.
Teoria Bioquímica
A mais aceita em parte devido ao sucesso das medicações: as pessoas com esquizofrenia sofrem de um desequilíbrio neuroquímico, portanto falhas na comunicação celular do grupo de neurônios envolvidos no comportamento, pensamento e senso-percepção.
Teoria do Fluxo Sangüíneo Cerebral
Com as modernas técnicas de investigação das imagens cerebrais (Tomografia por Emissão de Pósitrons- TEP) os pesquisadores estão descobrindo áreas que são ativadas durante o processamento de imagens sejam elas normais ou patológicas. As pessoas com esquizofrenia parecem ter dificuldade na "coordenação" das atividades entre diferentes áreas cerebrais. Por exemplo, ao se pensar ou falar, a maioria das pessoas mostra aumento da atividade nos lobos frontais, juntamente a diminuição da atividade de áreas não relacionadas a este foco, como a da audição. Nos pacientes esquizofrênicos observamos anomalias dessas ativações. Por exemplo, ativação da área auditiva quando não há sons (possivelmente devido a alucinações auditivas), ausência de inibição da atividade de áreas fora do foco principal, incapacidade de ativar como a maioria das pessoas, certas áreas cerebrais.
A TEP mede a intensidade da atividade pelo fluxo sangüíneo: uma região cerebral se ativa, recebendo mais aporte sangüíneo, o que pode ser captado pelo fluxo sangüíneo local. Ela mostrou um funcionamento anormal, mas por enquanto não temos a relação de causa e efeito entre o que as imagens revelam e a doença: ou seja, não sabemos se as anomalias, o déficit do fluxo sangüíneo em certas áreas, são a causa da doença ou a conseqüência da doença.
Teoria Biológica Molecular
Especula-se a respeito de anomalias no padrão de certas células cerebrais na sua formação antes do nascimento. Esse padrão irregular pode direcionar para uma possível causa pré-natal da esquizofrenia ou indicar fatores predisponentes ao desenvolvimento da doença.
Teoria Genética
Talvez essa seja a mais bem demonstrada de todas as teorias. Nas décadas passadas vários estudos feitos com familiares mostrou uma correlação linear e direta entre o grau de parentesco e as chances de surgimento da esquizofrenia. Pessoas sem nenhum parente esquizofrênico têm 1% de chances de virem a desenvolver esquizofrenia; com algum parente distante essa chance aumenta para 3 a 5%. Com um pai ou mãe aumenta para 10 a 15%, com um irmão esquizofrênico as chances aumentam para aproximadamente 20%, quando o irmão possui o mesmo código genético (gêmeo idêntico) as chances de o outro irmão vir a ter esquizofrenia são de 50 a 60%.A teoria genética, portanto explica em boa parte de onde vem a doença. Se explicasse tudo, a incidência de esquizofrenia entre os gêmeos idênticos seria de 100%.
Teoria do Estresse
O estresse não causa esquizofrenia, no entanto o estresse pode agravar os sintomas. Situações extremas como guerras, epidemias, calamidades públicas não fazem com que as pessoas que passaram por tais situações tenham mais esquizofrenia do que aquelas que não passaram.
Teoria das Drogas
Não há provas de que drogas lícitas ou ilícitas causem esquizofrenia. Elas podem, contudo, agravar os sintomas de quem já tem a doença. Certas drogas como cocaína ou estimulantes podem provocar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, mas não há evidências que cheguem a causá-la.
Teoria Nutricional
A alimentação balanceada é recomendável a todos, mas não há provas de que a falta de certas vitaminas desencadeie esquizofrenia nas pessoas predispostas. As técnicas de tratamento por megadoses de vitaminas não têm fundamento estabelecido por enquanto.
Teoria Viral
A teoria de que a infecção por um vírus conhecido ou desconhecido desencadeie a esquizofrenia em pessoas predispostas foi muito estudada. Hoje essa teoria vem sendo abandonada por falta de evidências embora muitos autores continuem considerando-a como possível fator causal.
Teoria Social
Fatores sociais como desencadeantes da esquizofrenia sempre são levantados, mas pela impossibilidade de estudá-las pelos métodos hoje disponíveis, nada se pode afirmar a seu respeito. Toda pesquisa científica precisa isolar a variável em estudo.No caso do ambiente social não há como fazer isso sem ferir profundamente a ética.


Quando um filho tem Esquizofrenia
...quando um filho tem esquizofrenia, ele sofre e sofre também a família. Num primeiro movimento, tenta-se esconder a doença por causa do preconceito social. Quando a doença não passa, os sonhos se desfazem, a preservação da imagem não tem mais sentido porque a doença é mais grave que o preconceito. A desesperança surge junto com a tristeza e o sentimento de perda da vida, da perspectiva, do futuro daquele que adoeceu tem que ser superado. A doença não pede licença: impõe e obriga-nos a mudar de postura diante da vida, diante da dor. A esquizofrenia não pode ser encarada como uma desgraça: tem que ser vista como uma barreira natural para nossos planos e desejos pessoais. Quando alguém na família adquire esquizofrenia é necessário que toda a família mude, se adapte para continuar sendo feliz apesar da dor. Os artigos científicos não publicam, mas o ser humano é capaz de ser feliz apesar da doença.
A esquizofrenia é uma doença incapacitante e crônica, que ceifa a juventude e impede o desenvolvimento natural. Geralmente se inicia no fim da adolescência ou no começo da idade adulta de forma lenta e gradual. O período de conflitos naturais da adolescência e a lentidão de seu início confundem as pessoas que estão próximas. Os sintomas podem ser confundidos com "crises existenciais", "revoltas contra o sistema", "alienação egoísta", uso de drogas, etc.


Sintomas Positivos e Negativos
A divisão dos sintomas psicóticos em positivos e negativos tem por finalidade dizer de maneira objetiva o estado do paciente. Tendo como ponto de referência a normalidade, os sintomas positivos são aqueles que não deveriam estar presentes como as alucinações, e os negativos aqueles que deveriam estar presentes mas estão ausentes, como o estado de ânimo, a capacidade de planejamento e execução, por exemplo. Portanto sintomas positivos não são bons sinais, nem os sintomas negativos são piores que os positivos.
Positivos
Alucinações - as mais comuns nos esquizofrênicos são as auditivas. O paciente geralmente ouve vozes depreciativas que o humilham, xingam, ordenam atos que os pacientes reprovam, ameaçam, conversam entre si falando mal do próprio paciente. Pode ser sempre a mesma voz, podem ser de várias pessoas podem ser vozes de pessoas conhecidas ou desconhecidas, podem ser murmúrios e incompreensíveis, ou claras e compreensíveis. Da mesma maneira que qualquer pessoa se aborrece em ouvir tais coisas, os pacientes também se afligem com o conteúdo do que ouvem, ainda mais por não conseguirem fugir das vozes. Alucinações visuais são raras na esquizofrenia, sempre que surgem devem pôr em dúvida o diagnóstico, favorecendo perturbações orgânicas do cérebro.
Delírios - Os delírios de longe mais comuns na esquizofrenia são os persecutórios. São as idéias falsas que os pacientes têm de que estão sendo perseguidos, que querem matá-lo ou fazer-lhe algum mal. Os delírios podem também ser bizarros como achar que está sendo controlado por extraterrestres que enviam ondas de rádio para o seu cérebro. O delírio de identidade (achar que é outra pessoa) é a marca típica do doente mental que se considera Napoleão. No Brasil o mais comum é considerar-se Deus ou Jesus Cristo.
Perturbações do Pensamento - Estes sintomas são difíceis para o leigo identificar: mesmos os médicos não psiquiatras não conseguem percebê-los, não porque sejam discretos, mas porque a confusão é tamanha que nem se consegue denominar o que se vê. Há vários tipos de perturbações do pensamento, o diagnóstico tem que ser preciso porque a conduta é distinta entre o esquizofrênico que apresenta esse sintoma e um paciente com confusão mental, que pode ser uma emergência neurológica.
Alteração da sensação do eu - Assim como os delírios, esses sintomas são diferentes de qualquer coisa que possamos experimentar, exceto em estados mentais patológicos. Os pacientes com essas alterações dizem que não são elas mesmas, que uma outra entidade apoderou-se de seu corpo e que já não é ela mesma, ou simplesmente que não existe, que seu corpo não existe.
Negativos
Falta de motivação e apatia - Esse estado é muito comum, praticamente uma unanimidade nos pacientes depois que as crises com sintomas positivos cessaram. O paciente não tem vontade de fazer nada, fica deitado ou vendo TV o tempo todo, freqüentemente a única coisa que faz é fumar, comer e dormir. Descuida-se da higiene e aparência pessoal. Os pacientes apáticos não se interessam por nada, nem pelo que costumavam gostar.
Embotamento afetivo - As emoções não são sentidas como antes. Normalmente uma pessoa se alegra ou se entristece com coisas boas ou ruins respectivamente. Esses pacientes são incapazes de sentir como antes. Podem até perceber isso racionalmente e relatar aos outros, mas de forma alguma podem mudar essa situação. A indiferença dos pacientes pode gerar raiva pela apatia conseqüente, mas os pacientes não têm culpa disso e muitas vezes são incompreendidos.
Isolamento social - O isolamento é praticamente uma conseqüência dos sintomas acima. Uma pessoa que não consegue sentir nem se interessar por nada, cujos pensamentos estão prejudicados e não consegue diferenciar bem o mundo real do irreal não consegue viver normalmente na sociedade.
Os sintomas negativos não devem ser confundidos com depressão. A depressão é tratável e costuma responder às medicações, já os sintomas negativos da esquizofrenia não melhoram com nenhum tipo de antipsicótico. A grande esperança dos novos antipsicóticos de atuarem sobre os sintomas negativos não se concretizou, contudo esses sintomas podem melhorar espontaneamente.


Como reconhecer a esquizofrenia ainda no começo?
O reconhecimento precoce da esquizofrenia é uma tarefa difícil porque nenhuma das alterações é exclusiva da esquizofrenia incipiente; essas alterações são comuns a outras enfermidades, e também a comportamentos socialmente desviantes mas psicologicamente normais . Diagnosticar precocemente uma insuficiência cardíaca pode salvar uma vida, já no caso da esquizofrenia a única vantagem do diagnóstico precoce é poder começar logo um tratamento, o que por si não implica em recuperação. O diagnóstico precoce é melhor do que o diagnóstico tardio, pois tardiamente muito sofrimento já foi imposto ao paciente e à sua família, coisa que talvez o tratamento precoce evite. O diagnóstico é tarefa exclusiva do psiquiatra, mas se os pais não desconfiam de que uma consulta com este especialista é necessária nada poderá ser feito até que a situação piore e a busca do profissional seja irremediável. Qualquer pessoa está sujeita a vir a ter esquizofrenia; a maioria dos casos não apresenta nenhuma história de parentes com a doença na família. Abaixo estão enumeradas algumas dicas: como dito acima, nenhuma delas são características mas servem de parâmetro para observação.

  • Dificuldade para dormir, alternância do dia pela noite, ficar andando pela casa a noite, ou mais raramente dormir demais
  • Isolamento social, indiferença em relação aos sentimentos dos outros
  • Perda das relações sociais que mantinha
  • Períodos de hiperatividade e períodos de inatividade
  • Dificuldade de concentração chegando a impedir o prosseguimento nos estudos
  • Dificuldade de tomar decisões e de resolver problemas comuns
  • Preocupações não habituais com ocultismos, esoterismo e religião
  • Hostilidade, desconfiança e medos injustificáveis
  • Reações exageradas às reprovações dos parentes e amigos
  • Deterioração da higiene pessoal
  • Viagens ou desejo de viajar para lugares sem nenhuma ligação com a situação pessoal e sem propósitos específicos
  • Envolvimento com escrita excessiva ou desenhos infantis sem um objetivo definido
  • Reações emocionais não habituais ou características do indivíduo
  • Falta de expressões faciais (Rosto inexpressivo)
  • Diminuição marcante do piscar de olhos ou piscar incessantemente
  • Sensibilidade excessiva a barulhos e luzes
  • Alteração da sensação do tato e do paladar
  • Uso estranho das palavras e da construção das frases
  • Afirmações irracionais
  • Comportamento estranho como recusa em tocar as pessoas, penteados esquisitos, ameaças de auto-mutilação e ferimentos provocados em si mesmo
  • Mudanças na personalidade
  • Abandono das atividades usuais
  • Incapacidade de expressar prazer, de chorar ou chorar demais injustificadamente, risos imotivados
  • Abuso de álcool ou drogas
  • Posturas estranhas
  • Recusa em tocar outras pessoas
Nenhum desses sinais por si comprovam doença mental, mas podem indicá-la. Pela faixa etária esses sinais podem sugerir envolvimento com drogas, personalidade patológica ou revolta típica da idade. Diferenciar a esquizofrenia do envolvimento com drogas pode ser feito pela observação da preocupação constante com dinheiro, no caso de envolvimento com drogas, coisa rara na esquizofrenia. A personalidade patológica não apresenta mudanças no comportamento, é sempre desviante, desde as tenras idades. Na esquizofrenia incipiente ainda que lentamente, ocorre uma mudança no curso do comportamento da pessoa, na personalidade patológica não. Na revolta típica da adolescência sempre haverá um motivo razoável que justifique o comportamento, principalmente se os pais tiverem muitos conflitos entre si.

A Família do esquizofrênico
O paciente esquizofrênico sofre intensamente com sua condição e sua família também, não há como isto ser evitado. Infelizmente os programas político-sociais de reinserção dos doentes mentais na sociedade simplesmente ignoram o sofrimento e as necessidades da família, que são enormes. Esta é vista como desestruturada, fria, indiferente ou mesmo hostil ao paciente. Da mesma forma que o paciente esquizofrênico sofre duas vezes, pela doença e pelo preconceito, a família também sofre duas vezes, com a doença do filho e com a discriminação e incompreensão sociais. Num país pobre como o Brasil, a assistência à família do esquizofrênico tem que ser um programa governamental indispensável, para que se possa preservar o desempenho social (estudo, trabalho, profissão) dos parentes dos pacientes esquizofrênicos. O nível de recuperação que se tem com o tratamento da esquizofrenia é muito baixo; os irmãos saudáveis desses pacientes devem ser amparados para não terem suas vidas impedidas de se desenvolver por causa da esquizofrenia de um irmão.
A título de reumanização do tratamento dos esquizofrênicos, pretende-se fechar os hospitais psiquiátricos alocando-os para outros serviços que não incluem atendimento às necessidades dos parentes dos esquizofrênicos. Como está, esse projeto não apenas piorará a situação do paciente, como também de sua família. Os problemas que geralmente ocorrem na família dos esquizofrênicos são os seguintes:

  • Pesar... "Sentimos como se tivéssemos perdido nosso filho"
  • Ansiedade... "Temos medo de deixá-lo só ou de ferir seus sentimentos"
  • Medo... "Ele poderá fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas?"
  • Vergonha e culpa... "Somos culpados disso? O que os outros pensarão?"
  • Sentimento de isolamento... "Ninguém nos compreende"
  • Amargura... "Por que isso aconteceu conosco?"
  • Depressão... "Não consigo falar nisso sem chorar?"
  • Negação da doença... "Isso não pode acontecer na nossa família"
  • Negação da gravidade... "Isso daqui a pouco passa"
  • Culpa recíproca... "Não fosse por aquele seu parente esquisito..."
  • Incapacidade de pensar ou falar de outra coisa que não seja a doença... "Toda nossa vida gira em torno do nosso filho doente"
  • Problemas conjugais... "Minha relação com meu marido tornou-se fria, sinto-me morta por dentro"
  • Separação... "Não agüento mais minha mulher"
  • Preocupação em mudar-se... "Talvez se nos mudarmos para outro lugar as coisas melhorem"
  • Cansaço... "Envelheci duas vezes nos últimos anos"
  • Esgotamento... "Sinto-me exausto, incapaz de fazer mais nada"
  • Preocupação com o futuro... "O que acontecerá quando não estivermos presentes, o que será dele?"
  • Uso excessivo de tranqüilizantes ou álcool... "Hoje faço coisas que nunca tinha feito antes"
  • Isolamento social... "As pessoas até nos procuram, mas não temos como fazer os programas que nos propõem"
  • Constante busca de explicações... "Será que isso aconteceu por algo que fizemos para ele?"
  • Individualização... "Não temos mais vida familiar"
  • Ambivalência... "Nós o amamos, mas para ficar assim preferíamos que se fosse..."

Sinais de boa recuperação
Tem sido observado que certos pacientes se recuperam mais freqüentemente do que outros. Nesse grupo foi identificado um grupo de características que pode servir como parâmetro, referência para boa recuperação. Esses sintomas não servem como garantia, mas aumentam as chances dessas pessoas de se recuperarem. Os sinais são os seguintes:

  • Capacidade de sentir e expressar emoções (alegria, excitação, tristeza, desespero, etc.)
  • Não apresentar sentimentos de grandiosidade.
  • Apresentar alucinações (mais freqüentemente auditivas)
  • Aparência de perplexidade no episódio agudo
  • Não se isolar; não apresentar distúrbios do pensamento
  • Idéias de perseguição e conduta de desconfiança também são sinais de bom prognóstico
Não há unanimidade quanto a esses sintomas, sempre haverá quem conteste a afirmação de que indicam bom prognóstico. Sintomas catatônicos (imobilidade ou excitação excessiva) e confusão mental apesar de aparentarem maior gravidade podem se resolver mais rapidamente deixando a pessoa sem problemas.
Um sinal importante de boa recuperação é a idade de início, quanto mais tarde mais chances de recuperação. A idade comum de início da esquizofrenia é o fim da adolescência e início da idade adulta podendo começar até aproximadamente 45 anos. Casos raros se dão após essa idade ou na infância.
As pessoas que sofreram traumatismos cranianos no nascimento ou ao longo da vida, assim como aquelas que sofreram infecções encefálicas.

Princípios para uso das medicações
Os remédios são a única alternativa para tratar a esquizofrenia, outras formas de terapia complementam, mas não substituem as medicações. Há, contudo, uma natural resistência ao uso delas e isso é apenas uma conseqüência da forma como se entende a doença. Se encararmos a medicação como algo estranho ao corpo a aversão se dará inevitavelmente, mas se encararmos as medicação como substâncias reguladoras de atividades cerebrais desequilibradas, podemos vê-las como amigas. O paciente não tem nenhuma culpa por uma parte do cérebro estar desregulado, mas pode usar o lado saudável (o bom senso) para tomar a decisão de se tratar. As medicações, portanto, só fazem ajustar o que estava desajustado. Infelizmente no caso da esquizofrenia não conhecemos medicações que realizem essa tarefa completamente, restabelecendo a normalidade do paciente. Mas por enquanto temos uma ajuda parcial. Meia dor é menos ruim que uma dor completa.
Fonte http://www.psicosite.com.br/tra/psi/esquizofrenia.htm#o